A acomodação da linguagem humana na descrição dos decretos de Deus feitos na eternidade

Autores

  • Saulo Pimentel Wulhynek
  • Juan de Paula Santos Siqueira

Palavras-chave:

linguagem, eternidade de Deus, tempo

Resumo

: Este artigo aborda sobre as dificuldades inerentes à tentativa humana de descrever, por meio da linguagem, os decretos eternos de Deus. O estudo parte do pressuposto teológico de que Deus é atemporal, enquanto o ser humano está condicionado ao tempo e à linguagem que reflete essa limitação. A pesquisa, fundamentada em revisão bibliográfica de autores como Grudem, Calvino e Agostinho, explora como a linguagem, especialmente os verbos e expressões temporais, é insuficiente para expressar realidades que transcendem o tempo, como a eternidade de Deus e seus decretos. O estudo analisa exemplos bíblicos e demonstra que expressões como “de eternidade em eternidade” ou “antes da fundação do mundo” são tentativas humanas de traduzir conceitos atemporais para um paradigma compreensível, ainda que impreciso. O conceito de “acomodação da linguagem”, segundo Calvino, é central para entender como as Escrituras comunicam verdades divinas em termos acessíveis à mente humana. O artigo conclui que a limitação linguística impacta a formulação de doutrinas e sugere que a compreensão da atemporalidade divina pode oferecer novas perspectivas para debates teológicos, como os que envolvem eleição e predestinação, propondo investigações futuras sobre a relação entre tempo, linguagem e revelação bíblica.

Biografia do Autor

Saulo Pimentel Wulhynek

Graduando em Teologia – FABAT; Mestre em Engenharia Elétrica – IME/2003; Engenheiro Eletrônico – IME/1996.

Juan de Paula Santos Siqueira

Mestrando profissional em Teologia – FABAPAR; Especialista em Teologia e Ministério Pastoral – ULBRA/2021; Bacharel em Teologia – STBSB/2006.

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Publicado

2025-07-15